sexta-feira, maio 16, 2008

Crianças Vendem-se

Este é o título de um extenso e perturbador artigo da revista "Visão" desta semana. Nas bancas a 15 de Maio, a revista Visão e o canal televisivo SIC enviaram a jornalista Isabel Nery e o Fotógrafo Jorge Pelicano ao Brasil.
Ao longo de 8 páginas, a jornalista leva-nos ao submundo da prostituição infantil no Nordeste brasileiro, as causas são as mesmas de sempre, a miséria profunda. A vida destas crianças, rapazes e raparigas, não tem nada de conto de fadas, é mais parecida com um conto de horror, chegam a sustentar a família toda e quando não trazem dinheiro para casa, ainda levam que é para saberem que deviam ter trabalhado mais e melhor. Drogam-se para suportar melhor as agruras da vida, fumam crack, e claro, ao se tornarem viciadas, têm que trabalhar mais. Vender o corpo é a única opção numa área em que quase não existem apoios sociais e em que o turismo abunda.
Os turistas predadores são sobretudo homens, a partir dos 30 anos, que vêm de Portugal, Itália, Espanha. Os angariadores são sobretudo nórdicos e taxistas brasileiros que cobram uma percentagem choruda do que as crianças ganham.
Transcrevo só um pouco do que o artigo retrata:
"Pobres e Nordestinas"
A maioria das vítimas de exploração sexual tem menos de 14 anos, é do sexo feminino e vive em situação de extrema pobreza. Os dados mais recentes das organizações estatais brasileiras indicam que, em mais de 4 mil casos, havia intermediários na exploração. Fortaleza, onde a maioria dos turistas estrangeiros são portugueses, é o município com mais denúncias de exploração infantil.
Idades das vítimas:
0 a 6 anos - 16%
7 a 14 anos - 62%
15 a 18 anos - 22%
Quem são?
74% do sexo feminino
80% negras e mulatas
72% vivem em famílias com rendimentos inferiores a um salário mínimo (150 euros);
Munícipios com mais denúncias:
768 Fortaleza;
691 Salvador;
722 Rio de Janeiro;
763 São Paulo
Resta-me acrescentar a profunda revolta que sinto por esta situação, pela miséria sem retorno e pela falta de escrúpulos de tantos envolvidos na exploração sexual de crianças, e sobretudo, por tantos portugueses irem à procura sabe Deus bem de quê com estas crianças.

6 comentários:

Capitão-Mor disse...

Bom, há tempos já tinha escrito sobre isto e penso que tenho alguma autoridade na matéria já que vivencio a realidade de perto. De facto, é lamentável que os portugueses estejam sempre na liderança dos rankings da "putaria" aqui no Nordeste. Enfim, uns papalvos frustrados que se pensam muito ricos e chegam aqui a pensar que tudo podem comprar.
Eu punha esses merdosos todos no mesmo saco, mas confesso que tenho um asco especial por italianos. A maioria das mulheres idealiza-os como os grandes machos europeus. Pois por aqui, é a "raça" que mais porcaria faz e tem especial predilecção por travestis! :) Ui, que machões.

No que diz respeito a Natal, as coisas melhoraram bastante no último ano e meio e essa gentelha anda a procurar outras paragens. Afinal de contas, as moedas estrangeiras tb já não estão a valer grande coisa por aqui...

Anónimo disse...

Também compro a VISÃO, assim como a SÁBADO, e também li o artigo... Infelizmente já sabia dessa triste realidade. O turismo sexual no Brasil está para o turismo sexual na Tailândia, basicamente só muda a nacionalidade dos 'utentes' (na Tailândia é mais britânicos e nórdicos)... E enquanto houver procura, haverá oferta, e cada vez há mais procura... porque o 'normal' já não satisfaz, quanto mais bizarro melhor!... "Is it a sign of the times?!"...

Tongzhi disse...

Eu também li o artigo e deixou-me tão incomodado...

LoiS disse...

Pobreza...infelizmente muitos países da América latina sofrem do mesmo flagelo. É horrível!

Rubi disse...

E uma vez mais sinto vergonha de ser portuguesa...

AnadoCastelo disse...

Não li a Visão mas vi na SIC o programa. Fiquei siderada, que horror crianças com menos de 14 anos a prostituirem-se. Eu não queria acreditar. Crianças com sete anos, é um crime. Este mundo está podre. E os portugueses que lá vão fazer isso deviam ter vergonha na cara e deviam chegar cá e serem capados. Nunca mais faziam nada.
Beijinhos