quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Fazes-me falta

Há um livro da Inês Pedrosa que nunca consegui acabar de ler, embora esteja muito bem escrito, do meu ponto de vista. Estou a muito mais de meio, mas nem isso me dá ânimo para o terminar. É muito deprimente.
Chama-se: Fazes-me falta.
É o "diálogo" entre uma mulher que morreu e o melhor amigo dela que cá ficou, entre nós, terrenos.
No entanto a mensagem que pretende passar (que pode obviamente ter várias interpretações consoante o leitor) não deixa de ser algo com que lidamos no quotidiano:
  • A forma como agimos perante os nossos Amigos (o A maiúsculo é propositado);
  • As decisões que tomamos;
  • E a falta que sentimos das pessoas...quando elas já cá não estão!
Quando cá estão também sentimos falta, mas deixamos sempre pra amanhã o encontro, o tal café, o cinemita que combinamos, o jantar...eh pa, agora não me apetece, ou o dinheiro não esticou. Tou cansada(o).
E o sentimento de Falta parece muito pequeno....
As Saudades são grandes, mas há sempre o amanhã e como tal há muuuuuito tempo e estas .... parece que se esfumam.Somos tão redutores quando queremos...!
As decisões que tomamos perante eles, e não perante a vida:
perdemos a paciência p'rós aturar, deixamos de ser meigos, carinhosos, estar presentes, condescentes (dentro dos devidos limites, claro), ..., afinal pa, aquela pessoa já não trabalha comigo, e estes que estão aqui todos os dias são os que me aturam, me compreendem, e ainda pra mais, estão mais à mão! Sinto-me muito melhor com eles que com os outros!
Ou então, estes moram aqui mais perto, os outros estão muitos longe, não me apetece fazer não sei quantos km pra lá chegar!
Aquela pessoa foi uma paravalhona comigo, magoou-me e decidi "apagá-la". Ela nem sabe porque eu nem sequer me vou dar ao trabalho de por tudo em pratos limpos com ela! Aliás, até já tentei, mas cansei! CANSEI!Por isso é "erase" e "hasta la vista Amigo"!
E no meio destas decisões idiotas todas de nos distanciarmos de uns e aproximarmos de outros, esquecemo-nos do porquê de nos termos tornado Amigos da pessoa A, B, C ou D. Depois começamos a dizer que já não temos temas em comum! Mas tá tudo parvo, ou quê?? Se ficamos verdadeiramente amigos de alguém, é porque temos personalidades compatíveis e não interesses compatíveis! Cansaste-te porque se calhar as personalidades não são compatíveis e descobriste foi tarde demais...então e onde é que fica o sentimento? O GOSTO?
Enfim... é assim que nos tornamos propositadamente: AUSENTES.
Claro que o verdadeiro amigo é aquele que jamais nos esquece e nos trata como se nos tivesse visto ontem, disso não tenho a menor dúvida!! Não está aqui isso em questão!
Eu falo é de SAUDADES! De TEMPO! De um ETERNO ADIAR!
Este fim de semana passado vi o Before Sunset, e se calhar fez-me mal à tola, mas para além do diálogo delicioso entre os dois, o que eu mais gostei foi da ideia: e se só tiveres um tempo definido pra estar com aquela pessoa?As coisas acontecem porque mostramos o melhor de nós mesmos e nos dedicamos a conhecer e ESTAR com o outro. Foi isso que senti em erasmus:vivi intensamente porque o tempo estava delimitado.
Tenho pena que também eu me tenha tornado numa ausente. Quero voltar a sentir como senti naquele ano, e pra isso só preciso de pensar que aquela pessoa pode emigrar amanhã, e que vou sentir imenso a falta dela, por isso, quando estiver com ela, ela vai ter o melhor de mim!E vou ter de me esforçar mais e ir tomar mais cafezinhos, ou ir ao cinema, e mexer o rabiosque e oferecer o jantar em minha casa!
E tu que és meu/minha Amigo(a)? Porque é que estás tão longe? Porque não chegas mais perto? Porque não me ajudas neste esforço que tem que ser conjunto?
Tenho tantas saudades tuas! Vem ter comigo mais vezes, chama por mim mais amiúde como eu farei também! Não fujas, não inventes desculpas! Quero-te por perto! Sabes porquê?
És Amigo(a), não és um(a) qualquer!
FAZES-ME FALTA HOJE E TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA!

5 comentários:

Anónimo disse...

Certamente ...
O inadiavel , a sensação de nunca mais é muito forte, passa-se nas familias e eu sou culpada, não temos tempo para nos reunir-mos mas havendo alguem que morre 1º temos k ter tempo mesmo, 2 a sensação que afinal se calhar poderiamos ter partilhado mais a vida c essa pessoa, ja aconteceu a tda gente mas não ha dúvida k levados pelo ritmo frenetico k vivemos voltará sempre a acontecer, e se em algumas situações até acho minimamente compreensivel, noutras e estupidamente estupido ...
desculpa o testamento lindona ,hj tou assim,,lol
jinhos grandes

Anónimo disse...

Nunca ouviste dizer que infelizmente só damos valor às coisas e a certas pessoas quando as perdemos? Essa é uma das grandes lições de vida que tenho aprendido nestes ultimos tempos: Aprender a dizer às pessoas que me são queridas, o quanto elas iluminam o meu dia e o quanto o tornam especial. E tenho-me sentido bem melhor...
bjs

Sandra Neves disse...

Concordo com a Marta... é tipico do ser humano apenas valorizar aquilo que perdeu depois de o perder... e às vezes depois pode já ser tarde demais.
E sem dúvida é importante estar lá, fazer um esforço, dizer, demonstrar a importância dessa Amiga/o... mas também é importante saber que essa pessoa está lá. Porque não vale a pena perder tempo com quem não merece esse nosso tempo afinal...

Maríita disse...

Tu tb!

Andorinha disse...

Nelita: mas tu já viste os testamentos q te deixo? Ó mulher, tu escreve praí que é + q bem vindo! E sim, concordo contigo. O ritmo frenético provocará sp estas situações, mas se calhar podemos evitar, pelo menos, algumas.

Marta: keep going! Já vi que andas no "mismo sendero" que eu!

Free: Concordo-estamos cá uns prós outros.Mas tb aprendi q às vezes a "recompensa" chega mts anos mais tarde e por portas curiosas! Deus escreve certo por linhas tortas!Mas com tanto amigo, temos q criterizar a quem dedicamos o tempo.Neste caso, então dedicas mais, a quem + merece :)

Mary: TU TAMBÉM!! Maldito trabalho e contas telefónicas q nos arruinam! ;)
Beijos a todas!