sexta-feira, novembro 30, 2012

Portugal no dia de hoje

O estado de decrepitude a que o meu país chegou deixa-me desolada. Não sou uma pessoa optimista, nem tão pouco pessimista, sou realista.
Quando um país, como Portugal, tem fome na sua sociedade, tem crianças a irem parar ao hospital com fome, então temos um problema. Esse problema começa com o desemprego e termina com a falta de solidariedade.
É um facto que muitos empresários têm tido que fechar as portas por não resistirem à força avassaladora da crise económica e financeira que se abateu sobre o nosso país, e não acredito nem por um minuto que esses empresários, caso tivessem outra hipótese, fechassem portas. No entanto, também existem aqueles que se têm vindo a aproveitar da crise, para fazerem falcatruas, nomeadamente fecho de empresas que eram viáveis, mas que por capricho ou vontade de sair do mercado ou simplesmente porque não querem investir e gastar dinheiro: são avessos ao risco e preferem meter o dinheiro no banquinho (cá ou numa off-shore) e ir passear para as Caraíbas. Nesta circunstância, deviam ir presos, porque para eles estarem bem, existem milhares que estão muito mal.
Do fecho destas empresas, resulta um mar de desempregados, desempregados que na sua maioria não têm qualquer tipo de protecção no desemprego e muitos são casais com filhos.
Esses casais têm que lutar, mendigar e fazer uma ginástica atroz para sobreviver dia após dia, semana após semana, e essa não foi a vida que os nossos governantes lhes prometeram, no horizonte de expectativa dos portugueses, a fome não fazia parte.
Começo a ponderar se a política empresarial norte-americana de não empregar casais, nem permitir relacionamentos entre colegas, não tem a sua razão de ser e talvez, seja altura de este tema ser debatido sem tabus na nossa sociedade. Pessoalmente sempre achei que seria horrível estar no mesmo ambiente de trabalho com uma pessoa com quem vivesse, seria uma falta total de privacidade e quem me conhece sabe que eu gosto da minha privacidade e do meu espaço.
À medida que o tempo avança e que as desgraças começam a assolar Portugal, cada vez mais me pergunto o que é que é necessário fazer para minimizar o impacto desta crise nos mais pobres e desfavorecidos da nossa população. Aqueles que não têm como se defender, nem como fazerem ouvir a sua voz, aqueles que dependem integralmente da solidariedade das IPSS, do Banco Alimentar, da Cáritas e da Igreja. Por isso, este fim-de-semana, aquando do peditório do Banco Alimentar, espero que todos os que ainda podem contribuam, sem medo pelo dia de amanhã, porque alguém, quando chegar a nossa vez estenderá a sua mão, ou pelo menos assim o espero.

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