Nestas últimas semanas tenho passado por um período de introspecção. Sinceramente, estou muito saturada da vida que levo e das pessoas que me rodeiam. É duro estar doente em Portugal, é ainda mais duro ser doente crónica no século XXI, não que o século XX fosse melhor, eu é que era mais nova.
Doente desde 24 de Dezembro, estou neste momento a rebentar pelas costuras. É estranho, deveria já estar treinada na arte da solidão e da paciência. Não estou! É extraordinário de desde que adoeci, só tive 5 visitas. Das quais, uma foi dos meus chefes, para verificarem se eu estava mesmo doente (minha opinião), porque se preocupam (opinião de quem não os conhece) a outra, da T. que veio da Índia e duas da H. e uma, aquela que me comoveu até às lágrimas, da minha amiga dominicana M. que veio a Portugal em trabalho, e passou um serão comigo depois de ter trabalhado mais de 10h00.
E agora pergunto-me eu, o que é que eu faço às peseudoamizades que por ai andam? O que é que eu faço aos telefonemas que deveria receber e não recebo? E sobretudo, o que é que eu vou fazer daqui para a frente, porque uma coisa eu garanto, nada vai ficar na mesma.
Comentava com a minha família que vivemos numa época em que só se valoriza o bonito, o saudável e o exterior. Nunca como agora houve tanta gente votada à solidão porque não são mainstream, porque não são bonitas, porque são gordas ou têm uma deficiência qualquer (real ou imaginária, tanto faz).
Lamento muito se não sou perfeita e com uma saúde de ferro, sobretudo lamento por mim, porque enquanto uns e outros andam por ai a pavonear-se, eu tenho que ficar em casa, tenho que ter dores e tenho que aguentar com um sorriso nos lábios a hipócrisia que me rodeia. Se o título do post diz, "Estou que nem posso", talvez devesse dizer, " Quero que se lixe a taça" (que é para não escrever palavrões aqui).
2 comentários:
Gostei mesmo mto do remate do post. Je suis avec toi dan le mon pinsamento. You know, esta coisa de ser emigrante nem sempre é desculpa. Mas desta vez (je suis ó notre Portugal este sabado et domingo) a doente cá de cima queixou-se mais e levou a taça. Deixando-me de palhaçadas, recordo estas tuas "limpezas" e só me congratulo de ainda por cá andar, é sinal q sou mesmo uma gaja porreira e resistente!! ;)
Agora ainda mais a sério: há duas alturas pra ver os amigos, em viagens e na doença. Trigo limpo, farinha amparo. Beijos, tenho saudades tuas!
Recebe o meu abraço virtual por agora, com muito calor humano!!!
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