Este romance recupera factos e histórias que Francisco Moita Flores não incluiu na série que escreveu para a RTP com o título A Ferreirinha. Narra a epopeia da luta contra a filoxera, uma praga que, na segunda metade do século XIX, ia destruindo definitivamente as vinhas do Douro. Na mesma altura em que, por toda a Europa, surgiam as primeiras técnicas e tentativas de criação de um método para a investigação criminal.O autor criou um bacharel detective – Vespúcio Ortigão – que, na Régua, persegue um serial killer, confrontando-se com o medo, com as superstições, com as crenças do Portugal Antigo que, temente a Deus e ao Demónio, estremecia perante o flagelo da praga e dos crimes. É uma ficção, é certo, mas também um retalho de vida feita de muitos caminhos que a memória vai aconchegando conforme pode.
Francisco Moita Flores é um especialista na área da criminologia e tem escrito obras de grande sucesso quer em livro quer para televisão. A crítica considera-o um dos melhores argumentistas portugueses e algumas das suas séries são marcos de excelência da ficção portuguesa, como foi o caso d’A Ferreirinha. Pese o facto de ter dedicado a sua vida ao estudo da violência, da polícia e à ficção, é a primeira vez que escreve um romance policial. A acção decorre no século XIX, nos primórdios da investigação criminal como hoje a conhecemos. Uma história emocionante ocorrida nas vinhas do Douro num tempo que abriu as portas da ciência e do conhecimento ao tempo que é o nosso presente.
Pela parte que me diz respeito, e como fã incondicional do Douro e da sua paisagem deslumbrante, gostei muito do livro, por outro lado, o personagem do bacharel de direito, Vespúcio Ortigão, enche-me as medidas, entre a sua loucura e a sua sabedoria.
Um único reparo, o título do livro é passível de confusão com a obra-prima de John Steinbeck, As Vinhas da Ira e creio que Moita Flores poderia ter arranjado um título diferente.
2 comentários:
È uma leitura agradável, embora a época histórica em que se desenrola não seja das minhas preferidas. E também acho que o autor exagerou um pouco no retrato da Ferreirinha. Não é possível uma pessoa ser tão perfeita...
Só agora me apercebi de que tinha sido convidado para o projecto televisivo da Ferreirinha.
No congresso de teatro português, em 1993, conheci o Morais e Castro. Anos depois ele quis-me apresentar ao Moita Flores, que estava no teatro da Luzia Maria Martins (dentro da Feira Popular, em Entrecampos), a trabalhar na série "Polícias".
Tive uma reunião com ele em 1996. Convidou-me para a equipa de argumentistas do que então se chamava "Vinhas de fogo", cuja ideia estava a ser desenvolvida por uma antropólga e uma sociólga. Ambas viviam no Porto.
Ainda recebi uma enorme resma de folhas, com os dez primeiros episódios. E depois nunca mais soube nada do projecto.
Só agora, que o livro saiu, é que percebi que tinha estado neste barco. E nem um cálice de Porto bebi...
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