quinta-feira, janeiro 11, 2007

Ternura

Ontem em conversa telefónica com o blogo-amigo Paulo Cunha Porto, lembrei-me de situações a que assisti na minha vida e que me causam ternura, quase todas se relacionam com o meu avô porque era uma época em que as pessoas tinham mais tempo livre e penso eu, outros valores que hoje em dia parecem ter caído em desuso.
Lembrei-me por exemplo, da história que o meu avô estava em casa quando lhe telefonou a irmã para perguntar se ele estaria em casa naquela tarde e se sim que o iria visitar. A ternura surge naturalmente quando vi o meu avô levantar-se muito preocupado, dirigir-se à cozinha e pedir à Irene* para fazer um pão-de-ló porque era o bolo favorito da irmã para acompanhar o chá.
Ou daquela vez, em que o irmão António foi lá a casa na festa dos 85 anos do meu avô, e começou a pedir uns docinhos que fazemos com gemas de ovos, amêndoa e muito açúcar (que são uma delícia), e finalmente, já cansado de pedir uma e outra vez os docinhos, pediu o prato para ficar ao lado dele, porque era o irmão mais novo do menino dos anos. Sim, porque até aos dias que antecederam a sua morte o Tio António ligava todos os dias para falar com o Zézinho... coisas de irmãos.
E quando eu era muito pequena e o meu avô me trazia smarties e me dava um comprimido de vez em quando porque sabia que me doia muito a garganta :o)!
E sobretudo, quando eu estive doente, quando ele trazia uma cadeira que hoje em dia é minha e que não é lá muito confortável, e sentava-se ao meu lado a ler o jornal de fio a pavio, de vez em quando comentava alguma notícia, ou ia dar o seu passeio pelo corredor ou ia fazer o lanche, mas regressava sempre à mesma cadeira para me fazer companhia.
É por estas e por outras que sou fã da ternura!
___________
* A Irene ainda está viva e no outro dia ligou-nos para desejar um feliz ano de 2007 e dizia-me que eu estava proíbida de a fechar na dispensa este ano...é que quando eu tinha uns 4 anos, um dia fiz uma das minhas tropelias e tranquei-a na dispensa, criando um enorme problema lá em casa porque a Irene se ofendeu de morte comigo. Nunca ninguém lhe tinha faltado ao respeito assim...

16 comentários:

Tongzhi disse...

São mesmo histórias de ternura. Lendo as tuas, recordo as minhas. Que bom!
Obrigado.

Salta Pocinhas disse...

E a ternura que tantas vezes cai em esquecimento...
beijinhos
p.s. a última vez que analisei a tua dispensa pareceu-me uma divisão interessante de se ficar fechada. Não percebo a ofensa da senhora ;)

Anónimo disse...

Tenho uma grande dificuldade em comentar post´s destes sem ser assaltado pelo pecado da ‘inveja’, estas coisas de ternura de família, memórias dos antepassados próximos, etc., são-me coisas totalmente desconhecidas, a pontos de me considerar o pioneiro da minha família, a minha família começa em mim mesmo. Isto pode parecer estranho a quem lê, e em especial a ti, que tens essas recordações de ternura da tua família, mas o certo é que as recordações que tenho, não quero ter. Eu quero ser o avô recordado assim nesses moldes, os meu filhos como pais, e os meus netos como filhos, que daqui a muitos anos façam um post como o teu e manifestem essa ternura pelo avô Jorge, e para trás dele não tenham memória.
Coisas da vida!

:|

Beijoca

Anónimo disse...

Se tiveres alguma notícia do Paulo avisa,ok?

DIV de divertida disse...

E sabe tão bem recordar essas coisas, nao é?...
tb recordei algumas...
que saudades............

Blondie disse...

ehehehehe
achei piada ao facto de teres trancado a Irene na dispensa:D
Eu tenho fantásticas recordações do meu avô materno!!
A ternura, o carinho, o amor são elementos fundamentais na nossa infância.
Beijinhos

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Mariíta:
Deliciosas, as revisitações familiares da Tua infância. Fico contente por ter despertado essas recordações, em vez de outras, tristes apenas. É MAIS UM BEM que me fazes.
Ao Caríssimo Capitão-Mor:
faço uma síntese da melhoria anímica que o dia trouxe no ME.
Beijinho e abraço.

Rita disse...

maria, deliciei-me a ler este post. emocionei-me... afinal quem n teve um avô assim? (
q saudades : (

Pandora disse...

Parece que as memórias da infância têm sempre um sabor especial, não é? Fico sempre com um sorriso quando me lembro das férias passadas na casa da minha avó...

beijinho e bom fim de semana!

Anónimo disse...

Muito bonito o post! :-d
beijocas

asdrubal tudo bem disse...

podes crer que são óptimas estórias de ternura e que cada vez são menos usuais.

Geoca disse...

De facto é sempre bom recordar essas ternuras. Fa bene al nostro cuoro. Bacio

Anónimo disse...

é bom sentir e viver este tipo de sentimento. olha tenho gostado basnte dos post do Lois. Ando é sem tempo apra comentar os blogs e lançar ideias no meu.
Cada vez me convenço mais que "isto dos blogs" foi uma grande ideia.

Anónimo disse...

Quando recordamos estes mo~mentos mágicos, regressamos à infância e ao que ela tem de melhor, os Avós.
Campiões da ternura.
Beijos
bom fim de seman

Sofia disse...

Que lindo !! As recordações da infância sempre nos fazem bem (principalmente com um avô assim ).
Abraços,

Polarito disse...

Como é bom recordar os avós...