segunda-feira, outubro 23, 2006

Palavra de Honra

que não compreendo o Ministro da Saúde, eu sei que existem inúmeros defensores dele, mas eu pura e simplesmente não o entendo. Estava eu ontem descansadinha* a ver o Telejornal quando oiço o ministro dizer que estava a ponderar a hipótese dos portugueses com algumas doenças infecto-contagiosas, nomeadamente a Hepatite C ou HIV/ SIDA, deixarem de ir aos hospitais para receberem a medicação e passarem a dirigir-se à Farmácia.
Num país como é Portugal, já estou a ver os excelentes resultados desta medida. Comecemos pelos que por natureza já têm dificuldade em cumprir um programa de medicação, nos hospitais estão inseridos numa base de dados e volta e meia o computador faz saltar uma janela que diz: "Fulanito já não vem à consulta há x semanas e não pediu mais medicamentos que devem terminar no dia y" ora, eu não sei se é sequer legal as farmácias possuirem este tipo de informação, nem sei se eles têm o software necessário.
Ainda no seguimento do acima referido, imaginemos que o fulanito, uns dias toma a medicação e outros não, dando assim hipótese aos virusmalévolos que passeiam dentro de si de criar uma muralha defensiva vulgus tornarem-se resistentes à medicação, como é que é? É que depois de se tornarem resistentes à medicação, pouco ou nada há a fazer excepto esperar que a ciência apareça com um novo medicamento. Já nem vou ao caso em que o fulanito, apesar de saber que é portador de uma doença mortal e altamente contagiosa, decide ter relações sexuais não protegidas com cicrano que será contagiado e que a partir desse momento, para além de contagiado, tem um virus resistente dentro de si.

Agora imaginemos que o fulanito até cumpre escrupulosamente a sua medicação, dirige-se à farmácia mais próxima para ir buscar mais medicação, e queixa-se de determinados efeitos secundários, o que é que acontece ai? Tem que se dirigir ao hospital, e também escusa de se dirigir às consultas, pelo menos as rotineiras, o que ele precisa é de um médico especializado que já tenha acompanhado centenas de outros casos. Este tipo de medicamentos não é como um antibiótico nem como um paracetamol, são verdadeiros coktails explosivos que para fazerem bem a umas coisas, destroiem outras. Estará o famacêutico à altura do desafio que se lhe coloca? Quererá o farmacêutico a responsabilidade? Eu no lugar dele não quereria.
Finalmente, sou só eu que tem ideia que o fulanito um dia, ao dirigir-se à farmácia poderia encontrar a coscuvilheira do bairro e ver a sua vida devassada e ser alvo da típica atitude nestas circunstâncias que é a de pôr de lado e olhar de soslaio? Ou será que as farmácias vão ter gabinetes para receber estes doentes? Como é que se assegura o direito à privacidade?
O que vale é que o ministro disse que ainda ia pensar sobre o assunto, mas noto que esta tem sido a táctica dele neste governo, atira uma ideia para o ar, depois recua ou não, e depois regressa em força.

* mortos no Iraque em barda, mastectomias e bombas atómicas, tudo o que uma pessoa precisa para dormir descansada...

9 comentários:

Anónimo disse...

Pois eu tenho a sensação que este rapaz ministro, terá uma certa resistência ao bom senso, o que incorrendo repetidamente nesta prática deixa de ser inexperiência no acto de governação, para virar num ápice em incompetência política. Aliás, em diversas áreas da governação, esta falta de bom senso está em alta, estão um pouco a jogar com o já calejado arcaboiço do povão.
Voltando ao tema, esse HIV minha cara até ao final do ano passado já tinham sido isolados no Instituto Pasteur, mais quatro variantes mutantes do vírus, esta terá patente nacional. (Um bocadinho de humor negro)

:)

...jcas

Maríita disse...

Que felicidade Jotabê, mais 4 variantes?! Isto está bonito!

Bjs

Anónimo disse...

Pois é, pois é, um dia destes relações sejam elas de que espécie forem, só por telepatia ou coisa do género. Aliás estas relações até já começaram, a ver pelas que se criam aqui nestas bandas, já te estou a chamar amiga e só falamos há um ou dois dias...


:)


Beijos


(Até te mando beijos) :)

asdrubal tudo bem disse...

e tu ainda acreditas que um tipo que se sai com uma imbecelidade destas pensa? isso é quase o mesmo que acreditar no Pai Natal

Anónimo disse...

Posso contrariar tudo o que escreveste, numa outra perspectiva?

O problema não está nas medidas, mas na forma como são anunciadas, que geram muito ruído e alguns falsos problemas. Pelo menos na minha cabeça.

A dificuldade de cumprir a medicação é inerente ao paciente, pelo que independentemente de onde ele a tome o problema mantém-se; mesmo que haja dispositivos que informem o fornecedor da medicação sobre o incumprimento do medicado.

O mesmo se passará com os resultados da medicação no paciente, mesmo que tome num hospital, duvido muito que a medicação lhe seja administrada pelo médico especializado. Assim, teria que marcar consulta para a especialidade.

Quanto à discrecção do farmacêutico, é uma situação a que o paciente é igualmente vulnerável no hospital ou centro de saúde a que se desloca.

Não me preocupa tanto se as Farmácias são tecnologicamente evoluídas para ter a base de dados (ou pelo menos acesso a ela), porque não há nada que um PC comprado num supermercado por 2000 euros e uma linha de telefone RITA não resolva. E se há coisa que as farmácias têm é recursos económicos que suportem estas despesas.

Não é que estas questões não sejam pertinentes, porque o são, mas parecem-me secundárias à proposta ministerial.


O que me preocupa é o que seguinte:
- que doenças infecto-contagiosas? As mortais, as crónicas?
- em que estádio de desenvolvimento? Precoce, avançado?
- qual´é o grau de risco a que está exposto o farmacêutico e os outros utentes da loja? (sim a farmácia é uma loja)
- até que ponto é que as Farmácias têm condições para fornecer e administrar os medicamentos (ao nível de instalações e pessoal qualificado)?

Em primeiro lugar há que classificar as doenças e em função da sua gravidade triá-las entre o tratamento hospitalar e farmacêutico (chamemos-lhe assim).

Se esta medida diminuir o «atendimento ao público» num hospital, parece-me positiva, desde que não perigue os restantes utentes.

A legalidade do acesso à informação, também me preocupa, mas, se pensarmos bem, a partir do momento que entregamos uma receita a um farmacêutico, estamos a divulgar-lhe o nosso estado de saúde, pelo menos dados da nossa «base de dados médica».

Há dias a minha farmacêutica de bairro (que me conhece há 10 anos) disse, «lembrei-me de si, porque estava a acabar o Dolviran...», que é como quem diz, «deixa-me encomendar drunfos para a moça das enxaquecas...»

Anónimo disse...

Chiça!!! não hás de andar com enxaquecas!

!!!!!!!!

Maríita disse...

Tygreza,
Alguns dos doentes que se encontram e fases mais avançadas e que não cumprem a medicação, são internados para o cumprimento. Sei que existem outras formulas para controlar as medicações mas honestamente não conheço todas.

As doenças são todas elas doenças infecto-contagiosas, como tal, são relativamente fáceis de contagiar quem estiver em contacto com elas, sobretudo a tuberculose cujo contagio se faz pelo ar. Já o HIV ou a hepatite precisam de outro tipo de contactos.

Agora imagina o teu farmaceûtico dizer "Oh fulanit@ atrasaram-se na entrega do teu AZT, mas não te preocupes que eu lhes disse que tu tinhas SIDA e que precisavas mesmo dos medicamentos", tu não és ingénua nenhuma, se não gostaste dos comentários dele por causa de uma "simples" enxaqueca, imagina com um doente com HIV.

Por falar nestas cenas caricatas, o meu farmacêutico, de quem eu até gosto muito, também teve uma destas saídas infelizes há uns dias, a minha sorte foi que lhe dei uma resposta muito rápida com a propensão que as pessoas têm para imaginar cenários catastróficos ainda me davam as condolências antes de eu efectivamente morrer...

Jotabê,
Conheço a Tyggreza há dez anos e sempre com enxaquecas, algumas bem horríveis, vais ver acabas de fazer o diagnóstico correcto!

Anónimo disse...

O meu comentário foi completamente inócuo [farmacologicamente falando :)], e sem qualquer objectivo ofensivo, simplesmente veio-me uma imagem de alguém, depois daquela prelecção, com o cérebro a 200 à hora, que obviamente só poderá dar uma valente enxaqueca.
Espero que ela não leve a mal.

:)

Beijos para voçês

Maríita disse...

Não te preocupes, já nos fartámos de rir...

Beijinhos