
Hoje assina-se o Tratado de Lisboa, colocando um fim a um período complicado de negociações no seio da União Europeia. Para Portugal esta assinatura é o culminar de seis meses de importantes cimeiras, contactos e relações internacionais e a demonstração cabal da enorme capacidade organizativa e conciliadora de vontades que Portugal e o povo português tem demonstrado ao longo de séculos.
Esta semana, numa conversa informal com um diplomata russo de passagem por Portugal, ele dizia-me que a Presidência Portuguesa era a prova cabal a todos aqueles países da União Europeia que dizem que só os "grandes" são capazes de realizar grandes feitos. É preciso lembrar o facto histórico de ter sido na Presidência Portuguesa que se assinou um (uns) acordo(s) com o Brasil, com a Rússia, com a União Africana, e tantos outros que a maioria da "arraia miúda" nem tem ideia. Ora, é neste ponto que a União Europeia falha, e a que regressarei posteriormente.
Em Portugal demonstrou-se a todo o mundo que ser pequeno não quer dizer ser mediocre, nem ter que se conformar com situação económica, financeira e social difícil. Falta somente, que a nossa capacidade de nos transcendermos em actos grandiosos se reflicta também no dia-a-dia, naqueles momentos em que nos falta o ânimo para combater as dificuldades que se nos apresentam. Hoje posso dizer, uma vez mais, sou portuguesa com muito orgulho.
Ainda a respeito da nossa Presidência da União Europeia, queria salientar a cerimónia que terá lugar já nos próximos dias 21 e 22 de Dezembro, sobre o alargamento do Espaço Schengen. Abolição das fronteiras terrestres, marítimas e aéreas da Polónia, República Checa, Hungria, Eslováquia, Eslovénia e os países bálticos. É tecnologia portuguesa que vai permitir que exista a migração de bases de dados e que vai permitir a existência de uma base de dados comum a todo o espaço Schengen.
Por último, não queria deixar de referir que aquele que tem sido um percurso imaculado enquanto Presidência da União Europeia, ainda pode terminar sendo um pesadelo caso o Kosovo decida declarar unilateralmente a independência.
Onde é que a Presidência Portuguesa e a União Europeia falham? Na comunicação. Aliás, foi esta falha grave que fez com que o anterior Tratado Constitucional fosse rejeitado. Não se pode continuar a construir a Europa em gabinetes sem explicar à opinião pública o que se pretende, tem que se tratar o povo europeu com a inteligência que ele tem, todos sabem que o que se decide em Bruxelas afecta directamente a ordem interna de cada Estado-Membro.
3 comentários:
Concordo em absoluto. Apesar de ser uma voz crítica, tantas vezes, reconheço que temos uma capacidade organizativa e de comunicação, na arena internacional, que nos faz grandes. Parabéns Portugal!
Gostei de ler esta tua análise. Confesso que há uns tempos que me tenho "afastado" de tudo a que cheire a política. Contudo, hoje comecei a a pensar no passo seguinte: Referendo ou não?
Excelente análise! Já te posso considerar uma especialista em Assuntos Europeus.
A mim, esses senhores todos causam-me um aborrecimento de morte e nunca vejo resultados práticos de tantos tratados e conferências. Aliás, acredito que 90% da populção seja alheia a tudo o que se passou durante a Presidência Portuguesa.
Sabes o que nos falta na realidade? Espírito combativo, um pouco do sangue de antepassados tipo Afonse de Albuquerque...Mais acção e menos diplomacias e euroburocracia!
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