sábado, janeiro 13, 2007

A Amizade

E um jovem disse:

- “Fala-nos da Amizade.”

E ele respondeu dizendo:

- “O vosso amigo é a resposta às vossas necessidades.

É o vosso campo, semeado com amor e ceifado com reconhecimento.

É a vossa mesa, e o vosso lar.

Porque vindes a ele com a vossa fome e procurais nele paz.

Quando o vosso amigo revela o pensamento, não temais o não do vosso próprio espírito, nem lhe recuseis o sim.

E quando ele estiver silencioso o vosso coração não deixe de escutar o seu coração.

Porque na amizade, todos os pensamentos, todos os desejos, todas as expectativas, nascem sem palavras e partilham-se numa alegria calada.

Quando vos separardes do vosso amigo, não vos aflijais.

Porque aquilo que nele amais pode ficar claro na sua ausência, como o alpinista para quem a montanha é mais nítida vista da planície.

Porque não há outro fim na amizade se não é aprofundar o espírito.

Ora o amor que busca outra coisa além da revelação do seu próprio mistério, não é amor mas uma rede atirada onde apenas o inútil fica caçado.

E que o melhor de vós mesmos seja para o vosso amigo.

Se tem de conhecer o refluxo da vossa maré, que conheça também o fluxo.

Pois para que serve o vosso amigo, se o buscais para matar o tempo?

Buscai-o sempre para as horas vivas.

Pois compete-lhe resolver a vossa necessidade, e não encher o vosso vazio.

E na doçura da vossa amizade haja também o riso e os prazeres partilhados.

Porque no orvalho das pequenas coisas, o coração encontra a sua manhã e a sua frescura”.

In “O Profeta”, Khalil Gibran.

2 comentários:

Tongzhi disse...

Lindo...

vinte e dois disse...

A amizade, quando verdadeira, é a melhor das terapias contra a tristeza! :)