quarta-feira, maio 17, 2006

No silêncio

da minha casa, na solidão que sinto desde há algum tempo permito-me reflectir sobre este ano que passou.

É estranho a quantidade de coisas que se passam ao longo de um ano na vida de uma pessoa, a quantidade de mudanças que se dão, a forma como encaramos as coisas, tantas vezes a vontade de mandar tudo às urtigas e simplesmente desistir.
Num ano perdi totalmente o respeito a algumas pessoas que me são especialmente próximas, choquei-me com a maldade humana, senti-me entre a espada e a parede, choquei-me com as notícias, odiei com uma intensidade até aqui desconhecida para mim. Aprendi que o amor filial é muitas vezes um engano e que outros valores se levantam.
Num ano perdi a minha tia com quem falava quase diariamente e após a sua morte conheci lobos de todos os tipos que formam uma alcateia que nos ronda, antes andavam cobertos de pele de cordeiro, ou será que eram tubarões ao largo à espera de atacar?
Num ano perdi muitos amigos e apercebi-me que nem toda a gente é feita da mesma fibra. Uns são feitos da fibra da persistência, outros da desistência.
Num ano, e como expliquei em tempos a uma Amiga, vivi um incêndio que deixou a superficie toda queimada mas os terminais nervosos todos em carne viva. Aproveitando esse incêndio, tenho vindo a partir tudo por dentro de mim, pedacinho a pedacinho porque sei que deste processo pode sair uma Maria melhor. Uma espécie de resultado traumático que obriga a diversos estágios de recuperação, acamada, cadeira de rodas, andarilho, muletas e finalmente sem apoios.
Num ano, ganhei um emprego estável, com um contrato e tudo... e uns colegas de trabalho extraordinários, tanto no primeiro trabalho, como no actual.
Num ano, aprendi que algumas pessoas são minhas apoiantes indefectíveis e que me amam mesmo quando eu lhes faço a vida um pequeno inferno, pelo qual peço mais uma vez desculpa.
Num ano, aprendi que tenho algumas Amigas extraordinários, Andorinha, Salta Pocinhas, Tyggreza, re-conheci a Nessie Bessie e agradeço a Deus pelo carinho que me dão e com que me têm tratado. E sei que se souberem que estou mal tenho ainda a Sílvia e a Didi, mas elas agora devem-se dedicar às filhotas lindas, sobretudo a Sílvia cuja Catarina tem tantos problemas.
Num ano conheci pessoas formidáveis, algumas totalmente diferentes de mim, como é o caso do LoiS, do Migas, da Ana, do Mangas, da Marta, o Jaume, a Noemi e os meus dois amores pequeninos que me enchem de alegria, o Jaime e o Tomás.
Num ano conheci uma pessoa que me faz rir com despreocupação e com quem posso conversar horas a fio e ir tomar café sempre que o FCP não esteja a jogar, o Apoli.
Num ano, e fazendo um balanço, sei que apesar de estar longe de estar bem, estou melhor porque pelo menos não estou iludida.
Para o ano há mais.

13 comentários:

Anónimo disse...

"Quando alguém encontra seu caminho, precisa ter coragem suficiente para dar passos errados. As decepções, as derrotas, o desânimo são ferramentas que Deus utiliza para mostrar a estrada." (Brida/Paulo Coelho)

"Quanto mais você entender de si mesmo, mais entenderá do mundo."
(Brida/Paulo Coelho)

Kisses

Andorinha disse...

Minha querida Amiga,
já disse várias vezes q para mim o ano começa no dia do meu aniversário, e não no dia 1 de Janeiro.A cada ano que se inicia vou buscar forças ao rescaldo (palavra mais q exacta para ti este ano) do incêndio do ano anterior, e renasço das cinzas qual Fénix. Pq te acompanho à mtos anos e sei q és capaz de limites nos quais eu n me reconheceria nunca, sei q vais superar a Fénix no renascimento, e tb sei q sabes q SEMPRE poderás contar comigo, com a Salta Pocinha, a Tygrezza, o Lois, e outros Amigos da mesma cepa.
Ao teu lado antaño, ao teu lado ontem, ao teu lado hoje, e ao teu lado amanhã e em todos os dias q se seguirão.
Um beijo muito grande (bj pq sou de bjs!)
S

Anónimo disse...

Sinto que o melhor que posso fazer por ti hoje é ouvir-te, escutar-te,

Estou aqui.....

LoiS disse...

Porra miúda, num ano viveste uma vida !

Aqui o LoiS não é assim tão diferente de ti como deste a entender ... somos daquele tipo, o dos lobos bons, que nunca precisam de se vestir com uma pele de cordeiro para que nos amem, não gostamos de enganar !

Quem gosta, gosta mesmo e de uma forma que mete inveja a quem não é amado! quem não gosta, olha, perde uma grande hipótese de evoluír e que se dane, que continue a viver na ilusão dos cordeiros que os rodeiam, os tais que mais tarde se revelam lobos, estes maus, que provocarão um estágio evolutivo que todos nós conhecemos - o da decepção !

Tentarei nem que me roa estar ctg no teu dia ... tentarei !!!!

Maríita disse...

Ah Lois, referia-me a diferente em relação ao patamar de vida, e mesmo isso amigo, andamos bem mais perto do que parece...

Salta Pocinhas disse...

Duas ou tres consideracoes minha querida
Num ano viveste muito mais do que a maioria das pessoas, alias viveste muito mais do que a maioria das pessoas imagina. Viveste dor e tristeza, mas também alegria.
E viveste bem, a tua maneira.
Nao te vou dizer que estou aqui por ti, porque isso já sabes :)
Beijo grande minha linda
P.S. Tinhas mesmo que por aquilo no post?

Salta Pocinhas disse...

Johnny:
paragrafo 11
3 linha
1 sigla
ARGHHHHH
:D

o gajo dos avioes disse...

então... e eu?! :-(

tou a brincar. espero que o próximo ano seja melhor.

beijos

Eva Shanti disse...

Num ano acontecem mil e uma coisas...

Falo por mim, passo a vida a cair e a levantar-me...

Bjs

LoiS disse...

Força Pedro !

DIV de divertida disse...

Ano cheio esse, não?!
Apesar de tudo, sinto que és uma super mulher, forte e resistente!
daquelas imbatíveis, sabes?!

é mesmo um dia de cada vez no que respeita ás conquistas.

jocas

Maríita disse...

Pedro, isto é um balanço e é também uma forma de traçar um rumo interno.

Obrigada pelas tuas palavras.

Anónimo disse...

Hoje apeteceu-me ir à coca dos links lá de casa...calhou o teu.
Olha, não te vou dizer o quão bem escreves, que já o deves ter lido/ouvido éne vezes.
Deu-me um especial gosto ler este teu texto, porque tive um "incêndio" também há um ano. Revi-me em muito do que aqui escreves.
Só quem tem "incêndios no quintal" é que entende a intensidade dos sentimentos (bons e maus) que atravessam aqui no peito.
Deu-me gosto ler-te!
Grande Maria!