domingo, abril 02, 2006

Medo

Dou por mim a esbarrar ultimamente no tema recorrente do medo. Medo de andar de avião, medo de relações, medo de perdas, medo do medo em si mesmo.

É engraçado como num dado momento da nossa vida, alguns temas nos tocam tão de perto, às vezes pelas mãos de tantas pessoas diferentes.
No outro dia, fui jantar com uma amiga que me falava do medo paralisante que o chefe dela sente em andar de avião, este medo é de tal forma esmagador que o impede de viajar até mesmo em negócios. Quando tem que se deslocar ao estrangeiro prefere ir de camboio ou carro, ou então limita-se a não sair de Portugal. Mais tarde, na semana seguinte, uma outra amiga estava a contar-me que a mãe dela também tem uma fobia enorme aos aviões e que vai agora começar a fazer um curso para perder esse medo.
Noutra conversa, esta via messenger, descobri que um grande amigo meu, tem medo do desconhecido ao ponto de estar a considerar a hipótese de ficar com um trabalho mediocre a mudar-se para uma outra empresa. Tentei convencê-lo a enfrentar as raízes desse pavor paralisante e aguardo resultados.
Medo, eu? De mim, dos outros, mas tento seguir em frente. Medo de mim porque às vezes não sei muito bem se não sou muito radical, se não sou muito directa e um pouco bruta, se não me mostro pouco na maioria das situações e demais noutras. Dos outros porque tenho medo de mais uma vez ser magoada e rejeitada. Acho que cansei, mas também não sei que volta dar às coisas. Acho que vou com passinhos pequeninos e devagarinho, esperar que pela frente me encontre com seres humanos superiores que me ajudem a superar-me e encontrar aquele que é o meu verdadeiro caminho.

14 comentários:

Andorinha disse...

Ninguém te há-de ajudar a superar melhor esse medo que tu própria. Só se te recuperares, e deixares de lado culpas, remorsos, tristezas e mágoas vais conseguir deixar de ter medo e voltar a ter "ganas" de tudo. Não são os outros que to vão recuperar. És tu linda. TU.
Lesson learned às minhas custas.
E medo também é bom tê-lo. Mts vezes paralisa-nos e outras é o que nos faz andar em frente.
Beijos grandes

Maríita disse...

Lamento, acho que não entendeste o que eu quis escrever.
Beijocas

Tonixa La Rua disse...

Mary Jo, Mary Jo, se tu não tivesses medo eu assustava-me.. Queria dizer que eras um ser insensivel... Em relação a teres medos e a superá-los, digo-te que não concordo totalmente com o que a Andorinha diz... Pois sem uma boa dose de amigos, ninguém os ultrapassa.. É como diz a canção: " I'll get by with a little help from my friends..." Mas não te esqueças: os passos que deres nunca podem ser demasiado pequenos, porque por causa dessa pequenez, podes estar a deixar passar ao lado uma oportunidade de seres feliz... Nunca te arrependas daquilo que fazes e, como se costuma dizer no belo british vernáculo, «have the balls to move forward...» Se quebrares ou errares, não te importes: os teus VERDADEIROS amigos emprestam-te os ombros para xorares... (P.S.: ajudei em alguma coisa?...)

Maríita disse...

Ajudaste sim, minha querida...
Holidays no Algarve em breve, certo?
Beijokas

Anónimo disse...

Xiiii, identifico-me tanto com este post! E o medo do medo, Marie? Esse é o mais diabolico de ultrapassar! E o medo de amar? E o medo de nos entregarmos? E o medo de sofrer? E o medo de sermos rejeitados? E o medo de sermos abandonados? E o medo da solidão? O medo é a unica coisa que nos impede de evoluir e sermos nós próprios.O medo é a unica coisa que esconde a nossa verdadeira sensibilidade e que nos impede de voar. Há alturas na vida q só dentro de nós está a resposta, mas é preciso estarmos atentos pq mtas vezes os sinais ou os alertas podem vir da boca de quem a gente menos espera! :)
Beijinho

Andorinha disse...

Nem sempre te posso entender, não é linda? ;)

Maríita disse...

Olá Marta,
Foi a pensar na nossa conversa daquele fim de tarde que saiu este post, mas também por ter reparado na coincidência de toda a gente falar do mesmo...

Não Andorinha, não me podes compreender sempre, mas às vezes estamos em grande sintonia...

Beijocas

Anónimo disse...

Eu sei Marie, eu tb me lembrei muito dessa nossa conversa!
E lembra-te, não há coincidências! :))

Anónimo disse...

Para mim, uma clássica talassofóbica, os medos têm duas características inalienáveis: limitam-nos e protegem-nos.

É assim um pouco como o cinto de segurança, para pessoas vertically challenged como eu. Se por um lado não nos deixam mexer confortavelmente numa viatura, também não nos deixam sair disparadas pelo vidro da frente, durante uma travagem brusca.

E, por isso mesmo, é que em lugar de prescindir da sua utilização, devemos saber viver como ele (cinto de segurança/medo); de tal forma que, com o passar do tempo, protege-nos mais, que nos limita.

Não é fácil. Mas como dizia o Samuel Beckett No matter. Try again. Fail again. Fail better.

Corajoso não é o não tem medo de nada, como Lancelot; mas o que enfrenta os seus medos. Aquele que nada teme, nada ama.

Maríita disse...

Tyggreza,

É tentando seguir este teu corolário "Corajoso não é o não tem medo de nada, como Lancelot; mas o que enfrenta os seus medos.",
que ando a tentar viver. O medo não me impede de viver, faz-me pensar melhor no que procuro e para onde vou efectivamente. Não tem sido um mar de rosas, mas no computo geral, não é mau de todo.
obrigada por Sábado, apesar dos aplausos fora de tempo e a corcunda voadora, adorei ser transportada para outras realidades e tempos. L'opera buffa ci aspetta.
Baci,
João

Eva Shanti disse...

Acho que o medo faz parte da vida. Até o acho saudável se não for em excesso porque implica alguma consciência.

Bjs

Salta Pocinhas disse...

eu tenho medo de ter medo!
pronto, ja disse! mas nada de excessos la no raposices... senao a minha vertente matrirca vem ao de cima e podem fugir ;)
bacini

Salta Pocinhas disse...

matriarca caracas, matriarca!#raio dos teclados bifes!!!

Sandra Neves disse...

Grave era se alguém dissesse que nunca sentiu medo de nada na vida... isso sim é preocupante!!